sexta-feira, 13 de agosto de 2010

ZÉ RAMALHO

ZÉ RAMALHO


Ano Cultural 2010 cujo homenageado é o paraibano Zé Ramalho, cantor e compositor que vive atualmente um dos melhores momentos da sua vida artística.

Pessoa mística que traz nas letras de suas composições sentidos enigmáticos e misteriosos que envolvem a todos que as escutam.

As turmas do 6º e 9º anos da Escola Municipal Damásio Barbosa da Franca, durante estas duas primeiras semanas do mês de julho, têm tido a oportunidade de conhecer tanto a vida do cantor, quanto assistir a shows e ouvir várias músicas de sua autoria. Também assistiram ao filme “Zé Ramalho – o herdeiro de Avôhai”.

Dentre as músicas, foram escolhidas “Cidadão” e “Admirável gado novo” para serem trabalhadas com os 6º anos. Já o 9º ano, além dessas músicas, foi analisada “Garoto de aluguel” e apenas ouvidas “Chão de giz” e “Frevo mulher”.

Em uma das turmas dos 6º anos – turma A – quando era analisada “Admirável gado novo” houve grande participação do grupo tanto no que se refere à compreensão do tema abordado quanto ao envolvimento em cantar a música e, inclusive, coreógrafa-la.

No que se refere à vida pessoal e artística do cantor, os alunos organizaram sua biografia a partir de pesquisa da internet.

Para complementar o trabalho sobre o artista, foram elaboradas atividades escritas conforme a seguir, além de peças teatrais a partir de letras de músicas, paródias, trabalhos de artes (fantoches) e a produção de um documentário:



1. Biografia:



Nascido em 3 de outubro de 1949, José Ramalho Neto é natural de Brejo da Cruz (PB). Aos 2 anos, ficou órfão de pai, o seresteiro Antônio de Pádua Pordeus Ramalho, que morreu afogado num açude do sertão. Com isso, sua mãe, a professora primária Estelita Torres Ramalho, entregou-o para ser criado pelos avós paternos, José e Soledade Alves Ramalho.

Veio morar em João Pessoa em meados dos anos 60, estudando no Colégio Pio X e no Lins de Vasconcelos. Iniciou o curso de Medicina que abandou para ir em busca do sonho de ser cantor.

Sua vida artística começou como Zé Ramalho da Paraíba, cantando em conjuntos de baile inspirados na jovem guarda e no rock inglês. O interesse pelos violeiros e pela literatura de cordel só surgiria depois, ao participar da trilha sonora do filme Nordeste: cordel, repente e canção, de Tânia Quaresma, em 1974. Por conta desse trabalho, Zé se mudou para o Rio de Janeiro (RJ), acompanhado por outros cantores nordestinos. Naquele mesmo ano, lançou seu primeiro disco, uma parceria com Lula Côrtes.



Logo Zé estava tocando viola na banda de Alceu Valença, em cujo show ele tinha chance de interpretar uma composição sua. Mas a oportunidade foi por água abaixo quando Zé resolveu modificar o roteiro de uma das apresentações da turnê. O público gostou, mas Alceu detestou e rompeu com o colega. A amizade só seria recuperada um ano depois, quando Alceu incluiu, de surpresa, uma música de Zé em seu novo espetáculo.



Sobreviver no Rio não era fácil. Zé precisou dormir em bancos de praças e trabalhar em gráfica para poder continuar apostando em seu próprio talento. Em 1977, foi convidado pelo produtor Augusto César Vanucci a ir a São Paulo (SP) participar da gravação da música "Avôhai", composição sua que seria incluída no novo disco da cantora Vanusa. E assim ele ia ganhando nome e conseguindo dinheiro. No mesmo período, Zé lançou o folheto de cordel "Apocalipse agalopado".



No ano seguinte, ele gravou seu primeiro disco solo, que não só incluía "Avôhai" como também "Vila do Sossego", "Chão de Giz" e "Bicho De Sete Cabeças". A crítica elogiou seu trabalho e o público o comprou, maravilhados com as letras cheias de imagens míticas e o tom profético das interpretações. Resultado: Zé ganhou prêmio de melhor cantor revelação da Associação Brasileira de Produtores de Disco e da Rádio Globo.



A carreira do paraibano se consolidou em 1979, quando ele lançou seu maior clássico, "Admirável Gado Novo", e o grande sucesso "Frevo Mulher".



Em 1980, Zé participou do Festival de Música Popular da TV Globo, ficando entre os 20 primeiros colocados. Mudou-se para Fortaleza (CE) e ganhou seu primeiro disco de ouro. Com popularidade crescente, no ano seguinte se destacou com as faixas "A Terceira Lâmina (cifrada)" e "Canção Agalopada", ganhando outro disco de ouro. Também lançou o livro de poesias Carne de pescoço e os livretos Apocalipse e A peleja de Zé do Caixão com o cantor Zé Ramalho.



Seus discos já contavam com participações especiais de muita gente famosa em 1983, quando ele voltou a morar no Rio. No entanto, sua popularidade andava em baixa, o que o levou a dar uma reviravolta em sua carreira, deixando a influência do rock dos anos 60 falar mais alto que sua raiz nordestina. Só em 1986 ele retomaria o misticismo que havia se tornado a marca registrada de sua música. Em 1990, depois de um período de ostracismo, Zé gravou um disco só de forró e fez uma série de shows nos EUA.



Em 1996, a sorte de Zé Ramalho começou a mudar. "Admirável Gado Novo", um de seus primeiros sucessos, voltou a tocar sem parar nas rádios, graças à sua inclusão na trilha sonora da novela O Rei do Gado, da TV Globo. E seu nome voltou à mídia ao participar do disco “O grande encontro”, resultado de um show que fez em parceria com Elba Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo. As críticas foram tão favoráveis e o público se mostrou tão receptivo que o grupo ganhou disco de platina duplo e voltou a se reunir em outros dois CDs, lançados em 1997 e 2000, embora sem Alceu.



Com o álbum Antologia acústica, de 1997, Zé comemorou 20 anos de carreira, fazendo uma releitura de suas canções mais conhecidas, o que lhe rendeu outro disco de platina duplo. No mesmo período, foi lançado o livro Zé Ramalho - um visionário do século XX, de Luciane Alves, e um songbook com 30 letras cifradas do compositor.



Parecia uma preparação para aquele que seria seu mais importante trabalho, o CD duplo “Nação nordestina”, de 2000, com o qual fez uma espécie de inventário da influência do Nordeste na MPB, contando com a participação de diversos artistas e citando a obra de tantos outros. O disco foi considerado um dos melhores exemplos da fusão da música nordestina com o mundo pop.



E assim Zé Ramalho vem construindo sua obra, inspirada tanto na literatura de cordel e nos ritmos nordestinos quanto no cinema, nas histórias em quadrinhos, nos livros de ficção científica, nos seriados de TV, no rock e na mitologia, alinhavando tudo com seu jeito único de cantar, como se estivesse narrando, e com suas composições que remetem a imagens.

(Disponível em: http://ramalheando.blogspot.com/2008/02/biografia.html. Acesso em: 06.jul.2010)



ATIVIDADES



1- Leia a biografia de Zé Ramalho e responda o que se pede a seguir:



a. Qual a data de seu nascimento?

b. Em que cidade e estado ele nasceu?

c. A sua infância foi marcada por algum fato trágico?

d. Por quem ele foi criado?

e. Ele morou em João Pessoa e estudou em dois colégios. Quais foram esses colégios?

f. Antes de se determinar a ser cantor, iniciou um curso superior. Qual foi esse curso?

g. Qual a sua profissão?

h. No início de sua carreira como era conhecido?

i. Em que ano ele gravou seu primeiro disco (CD)? Que músicas de sua autoria constaram neste disco?

j. Que música de sua autoria fez parte da trilha sonora de uma novela da Rede Globo?

k. Em 2000, o que aconteceu de importante em sua vida artística?

l. Por que o CD “Nação nordestina” foi considerado um referencial para a música brasileira?

m. Cite três músicas de autoria do cantor.



2.Trabalhando letras de músicas.



Admirável Gado Novo



Vocês que fazem parte dessa massa

que passa nos projetos do futuro

é duro tanto ter que caminhar

e dar muito mais que receber.

E ter que demonstrar sua coragem

à margem do que possa parecer

e ver que toda essa engrenagem

já sente a ferrugem te comer.




Eh!... ô... ô... vida de gado


Povo marcado eh!... povo feliz!



Lá fora faz um tempo confortável

a vigilância cuida do normal

os automóveis ouvem a notícia

os homens a publicam no jornal

e correm através da madrugada

a única velhice que chegou

demoram-se na beira da estrada

e passam a contar o que sobrou.




O povo foge da ignorância

apesar de viver tão perto dela

e sonham com melhores tempos idos

contemplam essa vida numa cela

esperam nova possibilidade

de verem esse mundo se acabar

a Arca de Noé, o dirigível

não voam nem se pode flutuar.

Não voam nem se pode flutuar...



1- A propósito do texto acima, faça o que se pede a seguir:



a. A letra da música “Admirável gado novo” faz uma comparação entre o gado e o homem. Por que, na sua opinião, o autor faz essa relação?

b. Na primeira estrofe ocorre referência sobre as dificuldades que um povo – massa – vive. Para o autor, o que é “duro para a massa”?

c. Com base na letra, de que o povo foge?

d. Na terceira estrofe há referência a sonhos. Com o quê o povo sonha?

e. De onde o povo contempla a vida, de acordo com o compositor?

f. Você concorda com o ponto de vista expresso pelo autor em sua música? Justifique sua resposta.



2- Explorando a gramática no texto.



a) No título da música apareceu dois adjetivos qualificando o substantivo “gado”. Indique se são uniformes ou biformes.



b) Da primeira estrofe, retire pronomes:



- de tratamento

- possessivos

- indefinidos

- pessoais do caso oblíquo



c) Em “Que passa nos projetos do futuro” ocorre uma locução adjetiva. Indique-a e cite o possível adjetivo que pode substituí-la.



d) Retire da segunda estrofe:



- um verbo de 1ª conjugação

- um verbo de 2ª conjugação

- um verbo de 3ª conjugação





Garoto de aluguel (Zé Ramalho)



Baby!

Dê-me seu dinheiro

Que eu quero viver

Dê-me seu relógio

Que eu quero saber

Quanto tempo falta

Para lhe esquecer

Quanto vale um homem

Para amar você...

Minha profissão

É suja e vulgar

Quero um pagamento

Para me deitar

E junto com você

Estrangular meu riso

Dê-me seu amor

Dele não preciso...

Oh! Oh! Oh!

Oh! Oh! Oh!

Oooooooooh!

Baby!

Nossa relação

Acaba-se assim

Como um caramelo

Que chegasse ao fim

Na boca vermelha

De uma dama louca

Pague meu dinheiro

E vista sua roupa...

Deixe a porta aberta

Quando for saindo

Você vai chorando

E eu fico sorrindo

Conte pr'as amigas

Que tudo foi mal

(Tudo foi mal!)

Nada me preocupa

De um marginal...

Oh! Oh! Oh!

Oh! Oh! Oh!

Oooooooooh!



Com relação à letra da música “Garoto de aluguel” foi solicitado que o aluno trouxesse reportagens sobre a questão da prostituição de um modo geral ou elaborasse um texto com notícias ouvidas através de rádio e televisão. Em sala de aula, organizou-se um círculo, procedendo-se o debate relacionando o tema abordado na música com a nossa realidade.

Foi produzida uma representação em forma de teatro a partir da letra da música.







Cidadão (Lúcio Barbosa)



Tá vendo aquele edifício moço

Ajudei a levantar

Foi um tempo de aflição

Eram quatro condução

Duas prá ir, duas prá voltar

Hoje depois dele pronto

Olho prá cima e fico tonto

Mas me vem um cidadão

E me diz desconfiado

"Tu tá aí admirado?

Ou tá querendo roubar?"

Meu domingo tá perdido

Vou prá casa entristecido

Dá vontade de beber

E prá aumentar meu tédio

Eu nem posso olhar pro prédio

Que eu ajudei a fazer...

Tá vendo aquele colégio moço

Eu também trabalhei lá

Lá eu quase me arrebento

Fiz a massa, pus cimento

Ajudei a rebocar

Minha filha inocente

Vem prá mim toda contente

"Pai vou me matricular"

Mas me diz um cidadão:

"Criança de pé no chão

Aqui não pode estudar"

Essa dor doeu mais forte

Por que é que eu deixei o norte

Eu me pus a me dizer

Lá a seca castigava

Mas o pouco que eu plantava

Tinha direito a comer...

Tá vendo aquela igreja moço

Onde o padre diz amém

Pus o sino e o badalo

Enchi minha mão de calo

Lá eu trabalhei também

Lá foi que valeu a pena

Tem quermesse, tem novena

E o padre me deixa entrar

Foi lá que Cristo me disse:

"Rapaz deixe de tolice

Não se deixe amedrontar

Fui eu quem criou a terra

Enchi o rio, fiz a serra

Não deixei nada faltar

Hoje o homem criou asa

E na maioria das casas

Eu também não posso entrar

Fui eu quem criou a terra

Enchi o rio, fiz a serra

Não deixei nada faltar

Hoje o homem criou asas

E na maioria das casas

Eu também não posso entrar"

Hié! Hié! Hié! Hié!

Hié! Oh! Oh! Oh!





1- A letra da música “Cidadão” traz uma reflexão sobre uma escolha de mudança de vida de um homem em determinado momento de sua existência. Comente o que você entendeu sobre essa reflexão.



2- A que cidadão o texto faz referência?



3- Há como você identificar a classe social da qual faz parte o “cidadão”? E qual a profissão dele?



4- Ao refletir sobre sua vida, o cidadão sente que desejo?



5- Há visivelmente no texto um momento em que o personagem arrepende-se de ter saído de sua terra natal. Copie o trecho que justifica essa afirmativa.



6- Em quem o personagem encontra refúgio? Justifique sua resposta.

domingo, 1 de agosto de 2010

O nobre e o pobre de Jô Soares

1- LEIA O TEXTO E EXERCITE SEUS CONHECIMENTOS SOBRE "FRASE E ORAÇÃO":


*Nobre tem apetite. Pobre tem fome.

*Nobre prova. Pobre come.

*Nobre ressona. Pobre ronca.

*Nobre brinda. Pobre bebe.

*Nobre vai às corridas. Pobre corre.

*Nobre se veste. Pobre se cobre.

*Nobre é excêntrico. Pobre é maluco.

*Nobre é delicado. Pobre é fresco.

*Nobre é picante. Pobre é desbocado.

*Nobre é irreverente. Pobre é grosso.

*Nobre é jogador. Pobre é viciado.

*Nobre é distraído. Pobre é burro.

*Nobre tem um leve defeito físico.

Pobre é aleijado.

*Nobre tem título. Pobre paga título.



***Jô Soares***

Agora, responda:

a) O título do texto pode ser considerado uma frase? Justifique.

b) Esse mesmo título constitui uma oração? Explique.

c) Retire do texto uma frase cujo núcleo significativo se concentre em um nome e uma frase cujo núcleo se concentre num verbo.

d) Leia as duas frases a seguir e responda:

“Nobre é excêntrico.” “Pobre paga título.”

Comparando-as, quanto aos elementos que as constituem, que diferença há entre elas?

A Lista de Osvaldo Montenegro

A LISTA (Oswaldo Montenegro)


Faça uma lista de grandes amigos

Quem você mais via há dez anos atrás

Quantos você ainda vê todo dia

Quantos você já não encontra mais...

Faça uma lista dos sonhos que tinha

Quantos você desistiu de sonhar!

Quantos amores jurados pra sempre

Quantos você conseguiu preservar...

Onde você ainda se reconhece

Na foto passada ou no espelho de agora?

Hoje é do jeito que achou que seria

Quantos amigos você jogou fora?

Quantos mistérios que você sondava

Quantos você conseguiu entender?

Quantos segredos que você guardava

Hoje são bobos ninguém quer saber?

Quantas mentiras você condenava?

Quantas você teve que cometer?

Quantos defeitos sanados com o tempo

Eram o melhor que havia em você?

Quantas canções que você não cantava

Hoje assobia pra sobreviver?

Quantas pessoas que você amava

Hoje acredita que amam você?